Parte 22 - Notícias Ainda Piores

Resumo das postagens anteriores:
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Minha mama começou a sangrar espontaneamente: Parte 1
Os primeiros médicos não encontravam a causa do sangramento enquanto ele aumentava: Parte 2
Algumas pessoas, na tentativa de ajudar, acabavam atrapalhando: Parte 3
Mais 4 médicos não conseguiram diagnosticar o meu problema: Parte 4
Veja o que os planos de saúde são capazes de fazer para atrapalhar o seu tratamento: Parte 5
O último médico decidiu fazer uma cirurgia e eu resolvi procurar uma segunda opinião: Parte 6
A médica-anjo pediu outra ultrassonografia, mas o resultado foi que tudo estava normal: Parte 7
Aconteceu a coisa mais importante e surpreendente de todo o meu tratamento: Parte 8
A médica-anjo pediu uma ressonância e uma nova citologia e me encaminhou para o 8º médico: Parte 9
Depois de muita luta consegui a autorização para a ressonância: Parte 10
A ressonância só mostrou um a área estranha: Parte 11
A médica-anjo indicou que eu fizesse uma cirurgia com o médico grosso: Parte 12
Deus fez mais um milagre e minha médica indicou que eu fizesse uma Core Biopsy: Parte 13
O médico grosso se negou a prescrever a Core Biopsy: Parte 14
Resolvi pagar pela Core Biopsy: Parte 15
Fiz a Core Biopsy: Parte 16
Descobri que tinha câncer e fiquei desesperada: Parte 17
Confirmei com a médica que eu tinha mesmo câncer e continuei desesperada: Parte 18
Encontrei meu namorado, contei aos meus pais e me despedi da vida: Parte 19
Lembrei que Deus tem um propósito para tudo, fui para uma festa e me diverti: Parte 20
Superando a notícia: Parte 21
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Chegou a quinta-feira e eu estava esperando no consultório da médica-anjo esperando para falar com ela sobre o meu problema. Estavam comigo os meus pais e o meu namorado. Porém, quando entramos no consultório, a médica se desculpou previamente e pediu que meu namorado esperasse do lado de fora, pois ela não ficaria à vontade de falar na frente dele. Ficamos um pouco sem graça, mas ele ficou lá fora sem problemas. A médica então disse que provavelmente eu não tinha entendido a gravidade do que eu tinha e por isso eu estava bem. Então ela disse:

- Bem, por esse diagnóstico aqui eu vou ter que retirar a sua mama. Toda.

Nesse momento eu levei minhas mãos à cabeça, transparecendo o desespero, e é como se o meu coração tivesse parado de bater por um momento. Eu pensei “caramba, me ferrei”. Mas as implicações desse fato vêm à medida que se vai pensando sobre o assunto. Fiquei com vontade de chorar, claro, e por mais que eu gostasse de parecer forte, eu sabia que a médica estava preparada para que eu chorasse e que ela sabe que isso seria normal. Mas eu precisava ficar firme para entender o que aconteceria, tirar as minhas dúvidas, e decidir as coisas com o máximo de racionalidade possível.
A médica continuou dizendo que, como havia sangramento, ela estava convencida de que há câncer também no mamilo. E eu concluí: sem mamilo não existe mama. Ela pediu para me examinar novamente e mostrar aos meus pais, como era a minha região endurecida da mama e me contou toda a verdade, não escondeu nada de mim. Enquanto ela falava, eu tentava conter as minhas lágrimas e controlar aquele timbre de voz choroso, mas estava muito difícil. Ela disse que depois eu poderia implantar silicone e assim reconstruir a minha mama e eu senti pena de mim mesma. Havia tantas pessoas que decidiam colocar silicone para parecerem mais bonitas, mas eu teria que colocar silicone porque eu ficaria sem a mama inteira. Quando ela falou como ficaria a cicatriz eu não consegui conter algumas lágrimas. Imaginei-me mutilada, horrorosa e fracassada como mulher. Apensar de ser uma coisa totalmente comum para ela, ainda assim ela me olhava com muito carinho, o que me fazia admirar ainda mais a profissional que ela era, pois sabia lidar com as pacientes e não só com a medicina. Minha médica-anjo também me falou sobre a reconstrução do mamilo, que poderia ser tatuado, então somente neste momento me dei conta de que eu perderia o meu mamilo e achei que por mais que o refizessem parecido, sempre haveria uma grande diferença, então, novamente algumas lágrimas rolaram. A sensação era de que eu tentaria de tudo para parecer como era antes, mas que eu nunca conseguiria ficar bonita como antes. A médica também falou do lado psicológico, que eu ficaria agressiva, e orientou que meus pais procurassem entender o meu lado. Também nos aconselhou a não contar para as pessoas, para que eu ficasse longe de fofocas sem sentido.
Minha médica-anjo marcou minha cirurgia para o dia 31 de maio e pediu que eu fosse ao hospital do câncer na semana seguinte para preparar a papelada. Eu tinha pouco mais de um mês antes da cirurgia. Perguntei quanto tempo mais ou menos levaria a minha recuperação. Ela disse que seriam uns seis meses de tratamento incluindo quimioterapia. E me disse também que somente ao final de todo o tratamento eu poderia implantar silicone, pois não seria bom fazer radioterapia estando com o implante. Imaginei-me acordando depois da cirurgia e me olhando sem uma mama. Eu só conseguia imaginar que minha reação seria ficar desesperada, gritar, chorar e querer morrer. E eu tive que conviver com essa expectativa por vários dias ainda.
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Próxima Postagem: Parte 23

Um comentário:

  1. PAULA REALMENTE NÃO É FÁCIL PASSAR POR TUDO ISSO...
    PORÉM SEM SOMBRA DE DÚVIDAS OS SEUS COMENTÁRIOS VÃO
    SERVIR DE ALGUMA MANEIRA PARA AS PESSOAS QUE INFELIZMENTE TERÃO DIAGNÓSTICO SEMELHANTE ARRANJAR FORÇA PARA SUPERAR ESTA DOENÇA QUE SE FAZ TÃO PRESENTE NOS DIAS DE HOJE. GRANDE ABRAÇO !!!

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