Parte 94 - Relação Médico x Paciente

Antes, veja o resumo das postagens anteriores (ou vá direto à postagem no final):
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Minha mama começou a sangrar espontaneamente: Parte 1
Os primeiros médicos não encontravam a causa do sangramento enquanto ele aumentava: Parte 2
Algumas pessoas, na tentativa de ajudar, acabavam atrapalhando: Parte 3
Mais 4 médicos não conseguiram diagnosticar o meu problema: Parte 4
Veja o que os planos de saúde são capazes de fazer para atrapalhar o seu tratamento: Parte 5
O último médico decidiu fazer uma cirurgia e eu resolvi procurar uma segunda opinião: Parte 6
A médica-anjo pediu outra ultrassonografia, mas o resultado foi que tudo estava normal: Parte 7
Aconteceu a coisa mais importante e surpreendente de todo o meu tratamento: Parte 8
A médica-anjo pediu uma ressonância e uma nova citologia e me encaminhou para o 8º médico: Parte 9
Depois de muita luta consegui a autorização para a ressonância: Parte 10
A ressonância só mostrou um a área estranha: Parte 11
A médica-anjo indicou que eu fizesse uma cirurgia com o médico grosso: Parte 12
Deus fez mais um milagre e minha médica indicou que eu fizesse uma Core Biopsy: Parte 13
O médico grosso se negou a prescrever a Core Biopsy: Parte 14
Resolvi pagar pela Core Biopsy: Parte 15
Fiz a Core Biopsy: Parte 16
Descobri que tinha câncer e fiquei desesperada: Parte 17
Confirmei com a médica que eu tinha mesmo câncer e continuei desesperada: Parte 18
Encontrei meu namorado, contei aos meus pais e me despedi da vida: Parte 19
Lembrei que Deus tem um propósito para tudo, fui para uma festa e me diverti: Parte 20
Superando a notícia: Parte 21
Minha cirurgia será radical: Parte 22
Desabafei a dor em lágrimas: Parte 23
Desabafei com amigas e voltei ao trabalho para esquecer: Parte 24
Fui me preparando para a cirurgia, pesquisando sobre reconstruções e me acalmando ao ver plásticas perfeitas: Parte 25
No dia anterior a cirurgia fiz dois exames: uma linfocintilografia e um agulhamento: Parte 26
Finalmente me internei e passei a noite muito nervosa: Parte 27
Levaram-me para a cirurgia: Parte 28
Fiquei um tempo esperando no corredor do bloco cirúrgico: Parte 29
Entrei na sala de cirurgia e apaguei com a anestesia: Parte 30
Na volta da anestesia senti frio e era difícil me manter acordada: Parte 31
Falava dormindo e continuava sem conseguir ficar acordada: Parte 32
Recebi visitas da minha médica, meu pai, meu namorado e algumas amigas: Parte 33
Estava cada vez mais agitada e querendo me levantar. Lutei para fazer xixi e evitar a sonda: Parte 34
Tomei uma sopa com cuidado para não ficar enjoada, levantei e finalmente fiz xixi: Parte 35
Tomei o restante da sopa e estava me sentindo muito bem: Parte 36
Cuidei bastante do dreno e tentei movimentar o braço: Parte 37
Não tive coragem de ver a troca de curativos: Parte 38
Preocupei-me com o dreno, recebi visitas e fiquei sabendo das histórias de quando eu estava anestesiada: Parte 39
Por causa da minha idade, eu fui o caso mais comentado do hospital: Parte 40
Passei o dia ansiosa pela alta: Parte 41
Recebi alta, tive consultas semanais com a mastologista, iniciei a fisioterapia e fiz exames para levar ao oncologista: Parte 42
Soube que tenho a chance de não poder mais engravidar depois da quimioterapia: Parte 43
Tive que decidir entre congelar óvulos e piorar do câncer ou não congelar e talvez não poder engravidar: Parte 44
Meu namorado não se abalou com a possibilidade de infertilidade: Parte 45
Questionei Deus e marquei uma consulta com um especialista em fertilidade: Parte 46
O especialista em reprodução humana me aconselhou e não congelar óvulos: Parte 47
Tive a última consulta com minha médica-anjo, que me indicou uma especialista em fertilidade: Parte 48
O especialista me aconselhou a não congelar óvulos. Pesquisei muitos dados sobre fertilização: Parte 49
A nova especialista em fertilidade preferia ganhar dinheiro fácil do que cuidar da minha saúde: Parte 50
Decidi não congelar óvulos: Parte 51
Comprei uma prótese mamária e um sutiã especial: Parte 52
A fisioterapia me ajudava com o braço e com a aceitação do problema: Parte 53
Antes da quimio tirei minhas dúvidas com o médico: Parte 54
O oncologista me explicou todos os detalhes e as enfermeiras era muito gentis: Parte 55
Tomei a quimioterapia e só senti dor de cabeça: Parte 56
Algumas horas depois da quimio fiquei enjoada e vomitei: Parte 57
3 dias de reações da quimio: enjoo, febril, sono, dor de cabeça, indisposição, ... : Parte 58
Senti muita dor no estômago por dias seguidos: Parte 59
Curei minha dor no estômago, lidei com outros problemas e arrisquei passear: Parte 60
Fiquei careca: Parte 61
A segunda sessão de quimio foi igual a primeira. Por isso, eu chorei: Parte 62
Curei minha dor no estômago e fui à psicóloga: Parte 63
Consultei a nutricionista e fiz a terceira quimio: Parte 64
Na quarta sessão de quimio meu médico já era como um amigo: Parte 65
Tive que ir me inernar: Parte 66
Fiquei muito irritada porque as coisas pioraram: Parte 67
Foi difícil encontrar um hospital que aceitasse me receber. Ao menos o meu oncologista-anjo estava me assistindo muito bem: Parte 68
Fiquei internada na UTI: Parte 69
Depois de muito estresse, saí da UTI e fui para o quarto: Parte 70
Com muita dificuldade consegui receber alta: Parte 71
Após receber alta continuei angustiada e me sentindo feia: Parte 72
Passei a chorar por estresse, por estar cansada de ser doente: Parte 73 
Pude dar testemunho do amor de Deus por nós: Parte 74
Passei o final de semana em um evento, fiquei gripada e a quimio foi adiada: Parte 75
Tive que fazer um escândalo para o plano de saúde liberar minha medicação: Parte 76
Tive que insistir para tomar minha medicação. Além de todas as reações, perdi parte do paladar e fiquei com muita fraqueza nas pernas: Parte 77
De tanto faltar a fisioterapia, fiquei com problemas no braço. Também descobri a Menopausa: Parte 78
Meu oncologista confirmou minha menopausa. E convivi com a ansiedade pelo fim do tratamento: Parte 79
As reações pioraram na 6ª seção de quimio e passei a precisar de ajuda para tudo: Parte 80
Quase me internei novamente por causa de outra febre: Parte 81
Soube que precisaria fazer radioterapia. Dias depois acordei livre de boa parte das reações da quimio: Parte 82
Escrevi uma carta de agradecimento a alguns dos amigos que me ajudaram durante o tratamento: Parte 83
Continuação da carta de agradecimento: Parte 84
Comemorei várias vezes o fim da quimio: Parte 85
Aprendi várias lições durante a quimioterapia: Parte 86
Tive o natal e o ano novo com mais significado da minha vida: Parte 87
Comemorei meu aniversário, fiz as marcações da radioterapia e conheci meus primeiros cachorrinhos: Parte 88
Descobri que ter um cachorro é uma ótima terapia: Parte 89
Recebi alta da radioterapia: Parte 90
Tive que aprender a viver com a menopausa: Parte 91
Fiquei muito estressada ao voltar a trabalhar. Pouco depois, larguei a peruca: Parte 92
Ansiedade pela volta da menstruação: Parte 93
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Em qualquer profissão é normal que no início a gente se deslumbre com o que fazemos e com a importância do nosso trabalho. Mas, com o passar do tempo, todos nós passamos a ver o nosso trabalho como uma coisa que fazemos todos os dias e que se tornou tão habitual que raramente paramos para observar a importância dele.


 
Sempre penso nisso quando tenho consulta com minha 
mastologista e com o meu oncologista. Pra mim, é uma felicidade ter consulta, conversar. Sinto como se eles fossem meio amigos meio pais. Afinal, não é todo dia que alguém salva a sua vida. Se não fosse o emprenho deles eu teria morrido. Eu tento fazer a referência com o meu trabalho: se eu faço o meu trabalho direito, a empresa lucra, meu chefe fica satisfeito e eu me afirmo como profissional. Mas esse benefício é nada quando comparado ao médico fazer o seu trabalho direito e dar "o resto da vida" para o paciente. Vale muito mais do que qualquer dinheiro. Diante disso eu me pergunto: como não sentir carinho por esse médico? Como não sentir carinho pela pessoa que te deu anos e mais anos de vida saudável? Como não se sentir eternamente grata? Ninguém pode fazer mais por alguém do que dar anos de vida. Quem não gostaria de ter mais alguns anos? Se não fossem eles provavelmente eu já teria morrido. Então como não ter carinho pelas pessoas que não permitiram que isso acontecesse?

"Não amemos de palavras nem de língua, mas por ações e em verdade",Textos Bíblicos

 
No meu caso é muito mais que isso. Eles não só salvaram a minha vida, mas também me aconselharam, cuidaram do meu psicológico. Se preocupam com várias outras questões que nem mesmo são da área deles. Se preocupam em me encaminhar para os melhores profissionais. Como não ter muito carinho? Como não sentir que são seus amigos? Como não tratá-los como amigos? Como não ficar feliz em vê-los?

Entendo que deve haver um distanciamento entre médico e paciente, que eles não podem se envolver emocionalmente com os pacientes e que isso é o melhor para o próprio paciente. E é por causa disso que eu tento não exagerar. Também tento não exagerar porque não sei se eles entendem a dimensão do trabalho deles na minha vida. Esse bem que podia ser um tema de conversa numa próxima consulta!


Próxima postagem: Parte 95

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