Parte 109 - A vida após o câncer: concursos e renovação espiritual

Resumo das postagens anteriores
(ou vá direto à postagem no final):

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Minha mama começou a sangrar espontaneamente: Parte 1
Os primeiros médicos não encontravam a causa do sangramento enquanto ele aumentava: Parte 2
Algumas pessoas, na tentativa de ajudar, acabavam atrapalhando: Parte 3
Mais 4 médicos não conseguiram diagnosticar o meu problema: Parte 4
Veja o que os planos de saúde são capazes de fazer para atrapalhar o seu tratamento: Parte 5
O último médico decidiu fazer uma cirurgia e eu resolvi procurar uma segunda opinião: Parte 6
A médica-anjo pediu outra ultrassonografia, mas o resultado foi que tudo estava normal: Parte 7
Aconteceu a coisa mais importante e surpreendente de todo o meu tratamento: Parte 8
A médica-anjo pediu uma ressonância e uma nova citologia e me encaminhou para o 8º médico: Parte 9
Depois de muita luta consegui a autorização para a ressonância: Parte 10
A ressonância só mostrou um a área estranha: Parte 11
A médica-anjo indicou que eu fizesse uma cirurgia com o médico grosso: Parte 12
Deus fez mais um milagre e minha médica indicou que eu fizesse uma Core Biopsy: Parte 13
O médico grosso se negou a prescrever a Core Biopsy: Parte 14
Resolvi pagar pela Core Biopsy: Parte 15
Fiz a Core Biopsy: Parte 16
Descobri que tinha câncer e fiquei desesperada: Parte 17
Confirmei com a médica que eu tinha mesmo câncer e continuei desesperada: Parte 18
Encontrei meu namorado, contei aos meus pais e me despedi da vida: Parte 19
Lembrei que Deus tem um propósito para tudo, fui para uma festa e me diverti: Parte 20
Superando a notícia: Parte 21
Minha cirurgia será radical: Parte 22
Desabafei a dor em lágrimas: Parte 23
Desabafei com amigas e voltei ao trabalho para esquecer: Parte 24
Fui me preparando para a cirurgia, pesquisando sobre reconstruções e me acalmando ao ver plásticas perfeitas: Parte 25
No dia anterior a cirurgia fiz dois exames: uma linfocintilografia e um agulhamento: Parte 26
Finalmente me internei e passei a noite muito nervosa: Parte 27
Levaram-me para a cirurgia: Parte 28
Fiquei um tempo esperando no corredor do bloco cirúrgico: Parte 29
Entrei na sala de cirurgia e apaguei com a anestesia: Parte 30
Na volta da anestesia senti frio e era difícil me manter acordada: Parte 31
Falava dormindo e continuava sem conseguir ficar acordada: Parte 32
Recebi visitas da minha médica, meu pai, meu namorado e algumas amigas: Parte 33
Estava cada vez mais agitada e querendo me levantar. Lutei para fazer xixi e evitar a sonda: Parte 34
Tomei uma sopa com cuidado para não ficar enjoada, levantei e finalmente fiz xixi: Parte 35
Tomei o restante da sopa e estava me sentindo muito bem: Parte 36
Cuidei bastante do dreno e tentei movimentar o braço: Parte 37
Não tive coragem de ver a troca de curativos: Parte 38
Preocupei-me com o dreno, recebi visitas e fiquei sabendo das histórias de quando eu estava anestesiada: Parte 39
Por causa da minha idade, eu fui o caso mais comentado do hospital: Parte 40
Passei o dia ansiosa pela alta: Parte 41
Recebi alta, tive consultas semanais com a mastologista, iniciei a fisioterapia e fiz exames para levar ao oncologista: Parte 42
Soube que tenho a chance de não poder mais engravidar depois da quimioterapia: Parte 43
Tive que decidir entre congelar óvulos e piorar do câncer ou não congelar e talvez não poder engravidar: Parte 44
Meu namorado não se abalou com a possibilidade de infertilidade: Parte 45
Questionei Deus e marquei uma consulta com um especialista em fertilidade: Parte 46
O especialista em reprodução humana me aconselhou e não congelar óvulos: Parte 47
Tive a última consulta com minha médica-anjo, que me indicou uma especialista em fertilidade: Parte 48
O especialista me aconselhou a não congelar óvulos. Pesquisei muitos dados sobre fertilização: Parte 49
A nova especialista em fertilidade preferia ganhar dinheiro fácil do que cuidar da minha saúde: Parte 50
Decidi não congelar óvulos: Parte 51
Comprei uma prótese mamária e um sutiã especial: Parte 52
A fisioterapia me ajudava com o braço e com a aceitação do problema: Parte 53
Antes da quimio tirei minhas dúvidas com o médico: Parte 54
O oncologista me explicou todos os detalhes e as enfermeiras era muito gentis: Parte 55
Tomei a quimioterapia e só senti dor de cabeça: Parte 56
Algumas horas depois da quimio fiquei enjoada e vomitei: Parte 57
3 dias de reações da quimio: enjoo, febril, sono, dor de cabeça, indisposição, ... : Parte 58
Senti muita dor no estômago por dias seguidos: Parte 59
Curei minha dor no estômago, lidei com outros problemas e arrisquei passear: Parte 60
Fiquei careca: Parte 61
A segunda sessão de quimio foi igual a primeira. Por isso, eu chorei: Parte 62
Curei minha dor no estômago e fui à psicóloga: Parte 63
Consultei a nutricionista e fiz a terceira quimio: Parte 64
Na quarta sessão de quimio meu médico já era como um amigo: Parte 65
Tive que ir me inernar: Parte 66
Fiquei muito irritada porque as coisas pioraram: Parte 67
Foi difícil encontrar um hospital que aceitasse me receber. Ao menos o meu oncologista-anjo estava me assistindo muito bem: Parte 68
Fiquei internada na UTI: Parte 69
Depois de muito estresse, saí da UTI e fui para o quarto: Parte 70
Com muita dificuldade consegui receber alta: Parte 71
Após receber alta continuei angustiada e me sentindo feia: Parte 72
Passei a chorar por estresse, por estar cansada de ser doente: Parte 73
Pude dar testemunho do amor de Deus por nós: Parte 74
Passei o final de semana em um evento, fiquei gripada e a quimio foi adiada: Parte 75
Tive que fazer um escândalo para o plano de saúde liberar minha medicação: Parte 76
Tive que insistir para tomar minha medicação. Além de todas as reações, perdi parte do paladar e fiquei com muita fraqueza nas pernas: Parte 77
De tanto faltar a fisioterapia, fiquei com problemas no braço. Também descobri a Menopausa: Parte 78
Meu oncologista confirmou minha menopausa. E convivi com a ansiedade pelo fim do tratamento: Parte 79
As reações pioraram na 6ª seção de quimio e passei a precisar de ajuda para tudo: Parte 80
Quase me internei novamente por causa de outra febre: Parte 81
Soube que precisaria fazer radioterapia. Dias depois acordei livre de boa parte das reações da quimio: Parte 82
Escrevi uma carta de agradecimento a alguns dos amigos que me ajudaram durante o tratamento: Parte 83
Continuação da carta de agradecimento: Parte 84
Comemorei várias vezes o fim da quimio: Parte 85
Aprendi várias lições durante a quimioterapia: Parte 86
Tive o natal e o ano novo com mais significado da minha vida: Parte 87
Comemorei meu aniversário, fiz as marcações da radioterapia e conheci meus primeiros cachorrinhos: Parte 88
Descobri que ter um cachorro é uma ótima terapia: Parte 89
Recebi alta da radioterapia: Parte 90
Tive que aprender a viver com a menopausa: Parte 91
Fiquei muito estressada ao voltar a trabalhar. Pouco depois, larguei a peruca: Parte 92
Tive que conviver por muito tempo com a dúvida de SE poderei engravidar um dia: Parte 93
Impossível não ter um imenso carinho pelos médicos que me curaram: Parte 94
Fiquei muito feliz porque as ondas de calor diminuíram, porém, pouco depois voltaram: Parte 95
Exame preocupante: Ovários do tamanho do útero e cistos do tamanho dos ovários: Parte 96
Quando repeti os exames, estavam todos normais: Parte 97
Primeira consulta com o cirurgião plástico: Parte 98
Fui liberada para fazer a plástica de reconstrução da mama. Fiz o primeiro enxerto de gordura: Parte 99
O primeiro enxerto de gordura foi um sucesso: Parte 100
Fazendo o segundo enxerto de gordura: Parte 101
Voltando do Segundo enxerto de gordura: Parte 102
Enxaqueca após o segundo enxerto de gordura: Parte 103
Recuperei-me bem do segundo experto de gordura: Parte 104
Comecei a preparação para a colocação do expansor mamário (parte da reconstrução): Parte 105
Tive que adiar a cirurgia porque estava com tosse: Parte 106
Cirurgia para colocar o expansor: Parte 107
O médico encheu o expansor aos poucos, mas ele acabou rompendo, o que não foi um problema porque a próxima cirurgia já estava marcada. Alguns dias depois fiz a cirurgia para colocar o silicone definitivo: Parte 108
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vida após o tratamento de câncer é cheia de possibilidades!

Durante o tempo do tratamento, eu fiquei de licença do trabalho, mas após a radioterapia, eu voltei a trabalhar. Eu me sentia realizada com o que eu fazia na empresa, e a equipe de trabalho era maravilhosa, mas, muitas vezes também era estressante. Além disso eu sabia que tinha potencial para um salário melhor. Resolvi, então, me tornar funcionária pública. Assim, eu poderia ter uma vida menos estressante, e, portanto, menos cancerígena. Virei concurseira. 


Quando eu tenho um objetivo, eu me doo totalmente a alcançá-lo, e com os concursos, não foi diferente. Passei a estudar em todo o meu tempo livre, no ônibus, no horário de almoço do trabalho, à noite, de madrugada, nos finais de semana (com exceção de 1 dia que era reservado para namorar). Os concursos para cargo de estatístico geralmente tinham somente uma vaga disponível, então, eu tinha que ser a melhor. No primeiro concurso, eu fiquei na segunda colocação. No segundo concurso, fiquei na terceira colocação. E a partir daí foi uma sequência frustrantes de segundas e terceiras colocações. O tempo ia passando e minha primeira colocação nunca chegava. O normal é que, com o tempo a colocação vá melhorando. Então, não era normal que minha primeira colocação nunca chegasse. Fiquei pensando "acho que Deus quer me dizer alguma coisa com isso".


Um tempo depois, fui chamada para um serviço muito legal na igreja, que acabou por renovar a minha fé. Senti uma vontade imensa de me dedicar totalmente às coisas de Deus e de viver de acordo com seus preceitos. Novos concursos pararam de surgir, e eu, que deveria continuar estudando mesmo assim, preferia vivenciar o amor de Deus e buscar as coisas Dele. Assim, Deus despertou em mim a vontade de participar da equipe de coordenação do grupo jovem da minha paróquia. Eu pedi para participar, e fui aceita. Era uma tarefa pesada, mas que eu amava demais. Um tempo depois, fui convidada para, junto com uma amiga, coordenar o grupo jovem. Meu coração estava em festa e eu não entendia o porquê. Essa era uma tarefa que ninguém dava valor, uma tarefa que só recebia críticas mesmo se doando inteiramente, uma tarefa que tomava totalmente o meu tempo, mas eu estava em estado de paixão. Acho que eu nunca amei tanto fazer uma coisa quanto eu amava estar à frente dessa missão.

Eu ainda estudava para os concursos de vez em quando, mas não desesperadamente como antes. Então, um dia, eu estava num consultório, esperando pra ser atendida, quando vi no celular um e-mail de um órgão público me falando que fui convocada. Achei estranho porque eu não tinha feito concurso para esse órgão, mas como tinha um telefone de contato, liguei para ver se não parecia um golpe e pra ter certeza de que não tinham me confundido com outra pessoa. Para minha felicidade, era isso mesmo. Esse órgão público aproveitou o concurso que eu tinha feito para outro órgão, e eu era a próxima da lista, por isso fui chamada. Eu não cabia em mim de tanta felicidade. Depois de tantos segundos e terceiros lugares, quando parecia que Deus não queria que eu passasse em um concurso, eu fui chamada para um órgão que nem prestei concurso. Só podia ser Deus me mostrando que eu preciso confiar nele. Porém, nesse órgão, meu chefe era um mau caráter, e eu não estava feliz. Então, 2 meses depois, fui chamada para um outro concurso que eu tinha feito e não tinha sido classificada dentro das vagas, mas que agora estavam precisando de uma pessoa e eu era a próxima da fila. Deus estava me mostrando novamente que eu preciso confiar nele. Foi uma lição importante para mim.

Como eu disse no início, a vida após o tratamento de câncer é cheia de possibilidades!